Bem Vindo a selva de pedras....

Vem, vamos embora. Que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora. Não espera acontecer...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Do bafômetro à algema


Você já se deu conta de que vez por outra algumas notícias teimam em não desaparecer dos noticiários?

Foi assim com a garota aparentemente defenestrada pelo pai e sua madrasta – mas episódios semelhantes – de atirar criança pela janela – ocorridos em Curitiba e Joinvile, não tiveram o mesmo destaque! Fala-se com boca escancarada sobre um episódio, enquanto outros permanecem na semi-obscuridade, seimi-ignorância, como se fossem noticiazinhas relegadas ao descrédito. Em contrapartida alguns, mais afoitos, dizem que isso é estratégia da grande mídia para distrair a atenção da população enquanto outras malandragens são realizadas ou impostas à nação.

Confesso que não sei o que dizer. Acho até que é melhor nada dizer. Nem sei se há o que dizer, quer dizer...

Claro que por vezes aaprecem temas relevantes: tsunamis, aquecimento global... mas a relevância estaciona no tema e não nas decisões... Cada um de nós há de se recordar de inúmeros fatos que por dias – e às vezes semanas ou meses – permaneceram em destaque nos noticiários, ofuscando ou empalidecendo outros fatos.

Quando não empalidecendo ao menos não tratando de fenômenos ou problemas correlatos. É o que vemos, agora, com a febre do bafômetro e a questão da prisão de alguns figurões... (figurões pela dinheirama que os envolve e as malandragens de que são acusados e não que mereçam ser tratados com destaque, a não ser para destacar os malefícios decorrentes dos atos desonestos de que são acusados).

Não estamos dizendo que se deva baixar a guarda em relação aos motoristas embriagados (e motorista embriagado não é o mesmo que toma uns goles de cerveja junto com os amigos!). Longe de nós sermos atropelados pela sua irresponsabilidade. Principalmente porque aqueles que se embriagam, e tentam sair dirigindo, raramente reconhecem que estão embriagados. Então, nesses casos, não há dúvida: não só baforada no aparelhinho como cadeia neles. Dá até para mudar a lei e estabelecer que embriagar-se e sair dirigindo é tentativa de homicídio. E, o dito cujo deveria ser preso não por dirigir embriagado, mas por tentar matar alguém.

Mas essa discussão, esbaforida, pelo menos como a estamos vendo, assim nos parece, toca em um ponto e negligencia outro. Qual? As estradas.

É claro que existem estradas boas e outras melhorando. Mas por que não se faz a mesma carga contra aqueles que gerenciam os municípios, os estados e o país, para prendê-los por atentado contra a economia popular? Afinal de contas não são poucos os acidentes que ocorrem – acarretando despesas para as vítimas e outro tanto para os cofres públicos, além de, em muitos casos, acionar a máquina das seguradoras – em decorrência da má conservação ou falta de sinalização nas estradas. Não precisamos forçar muito a memória para nos lembrarmos de pelo menos um acidente que ocorreu não porque o motorista estivesse alcoolizado ou fosse negligente, mas porque a estrada estava esburacada, quase intransitável.

O que estamos dizendo, portanto é que, se temos que fiscalizar a direção alcoolizada, pois são assassinos em potencial, devemos punir, com a mesma intensidade, a potencialidade assassina que decorre da má conservação das estradas e ruas. E quem deve responder por isso? Prefeitos, governadores e presidente, além de seus respectivos secretários, ministros e outros tantos que estão na rede decisória...

Mas esses, em geral, são os figurões que acionam o outro aspecto de nossa bronca: as algemas. Vez por outra, quando após meses de investigação a Polícia Federal faz aquele estardalhaço mostrando a prisão de algum figurão, aparecem vozes dizendo o que se fala nessas ocasiões: isso é pirotecnia! Isso é merchandising para ocultar a inoperância das polícias!... e outras tantas afirmações do gênero. E no meio delas a afirmação de que os figurões presos não deveriam ser expostos sendo algemados.

É verdade que existem profissionais desonestos em todas as categorias. Isso inclui as polícias. Os exemplos mostrados nos noticiários comprovam isso. Mas também existem os bons profissionais. Os que prendem os malandros, em geral, são esses!

E se o malandro é preso, por que não algemá-lo, mesmo que seja alguém que em seguida será libertado por força, menos da seriedade da lei que da celeridade dos advogados muito bem pagos? Por que o peso da algema deve ser carregado somente pelos presos, membros do povão? Engravatado, quando bandido, é menos bandido que o bandido de short e camiseta? Então, se tem algema pra um, que todos sejam algemados – ou nenhum deles o seja. Ou não somos iguais perante a lei?

E aí nos aparecem aqueles palhaços dizendo que é necessário fazer uma revisão na legislação para determinar quando pode ou não usar algema.

Chega de normas e picuinhas. Queremos viver decentemente. E saber que os malandros estão detidos. Não queremos uns arremedos de legisladores perdendo tempo, tentando justificar a desnecessidade de algema para figurões, deixando esse ônus apenas para os pobres. Dá até a impressão que o cara está se prevenindo, para quando chegar sua vez...

E assim permanecemos discutindo as bordas quando o problema está lá no centro. Ou como cantou Raul Seixas: "tem gente que passa a vida inteira, travando a inútil luta com os galhos, sem saber que é lá no tronco que está o coringa do baralho".

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

SHOMAP: show de mau-caratismo que assola o país ou as Novas lições do BBB


Hoje escrevo um comentário sobre esse programa que atropela a sanidade e o bom senso em nome do voyeurismo declarado, consentido e defendido como valor. Pior, ainda, explicita uma categoria de brasileiros: os que pagam para outros ganharem dinheiro; pagam por que assistem ao programa e pagam quando ligam, dando seu voto. O que acaba sendo mais um retrato do país do Carnaval.

O programa em questão, mostra a mesquinharia e a malandragem da espécie humana num jogo cuja estratégia é tirar proveito da ingenuidade do outro; um jogo em que usar os sentimentos do outro em proveito próprio acaba passando como algo positivo, pois ajuda a se aproximar do grande prêmio final; um jogo em que a sutileza das meias verdades, da enganação das parcerias interesseiras são critérios para a vitória. Trata-se de um programa que mostra de que é capaz a mente humana, não para a solidariedade, para a cidadania, para o altruísmo, mas para organizar maldades em função do bem pessoal. Onde o bem coletivo é apenas um degrau para o bem pessoal (quem se lembra da lei do Gerson?).

Trata-se de uma vitrine em que as pessoas acabam se expondo como realmente são. E do outro lado, a platéia, abobalhada, fazendo torcida por alguém que não conhece. Torcendo por alguém que é capaz das maiores malandragens...

Do outro lado da vitrine está a sua majestade o público que se vê, como num espelho, e toma partido defendendo seu ídolo que, na realidade, representa um aspecto da personalidade de quem assiste e vota. E vota pela eliminação daquele traço de sua personalidade que deseja não mostrar e que vê estampada naquele a quem quer eliminar do jogo. E paga para que permaneça aquele que, para aqueles que votam, representa o traço de sua personalidade; vota naquele com quem se identifica. Ou seja, o trouxa, que vota, vota não pela eliminação ou permanência dos competidores, mas primeiro, para dar dinheiro aos organizadores do programa; segundo, para defender seus valores pessoais; terceiro, para esconder traços da própria personalidade que vê retratada nos competidores, mas que não quer mostrar; quarto, para evidenciar algum aspecto que quer valorizar e; quinto, para manter o show de mau-caratismo que assola o país.

Esse é um programa que mostra o ser humano em sua essência: enjaulado manifesta-se uma fera ardilosa. A fera mostra não a humanidade que dizemos prezar, mas a animalidade que realmente nos caracteriza. Nossa animalidade que nos tirou da caverna e nos colocou nesse amontoado de caixotes de concreto, aos quais chamamos de arranha-céus. Tudo em função e em nome dos nossos interesses particulares. Do lado de fora os expectadores mostram a capacidade de se enganar e tentar passar uma imagem de bonzinho. Além de mostrar o que realmente pensam e como agem aqueles que se aboletam nas poltronas ou nos cantos da sala para fazer torcida, enganando-se num sonho de estar no lugar do seu ídolo momentâneo.

Não é exagero dizer que a história da humanidade se fez na mesma proporção em que as pessoas souberam se aproveitar dos outros, como pudemos ver nas várias edições desse programa. Na medida em que as pessoas e grupos souberam tirar proveito pessoal, ou souberam usar os grupos que estão ao seu redor, ou souberam se defender, colocando o outro numa situação de desconforto, de dor ou de morte, tudo para proveito pessoal.

Não é demais destacar que as escolhas que somos levados a fazer, raramente são em nome do bem estar da coletividade, mas em nosso proveito pessoal. Isso é o que ocorre no momento de cada jogador eliminar um parceiro da casa-gaiola em nome da permanência na casa-vitrine, joga o outro na berlinda, para que sua majestade o público decida.

E o cinismo chega ao ponto de o cara-de-pau que está votando pela eliminação de um colega da casa-vitrine, dizer que "gosto muito do fulano, mas hoje vou votar nele por que conversamos pouco durante a semana". Não se dando conta, ou fingindo não perceber, que sua cafajestice está sendo avaliada e ensinada num horário em que grande parte da população está vendo: o chamado horário "nobre", como a dizer que até o tempo tem distinções da classe, pois os demais horários devem não ter nobreza.

E é esse horário "nobre" que, infelizmente, tem ditado as normas de conduta da população do país do carnaval.

Isso que os jogadores fazem naquela casa nada mais é do que uma reedição do que os magnatas do petróleo fizeram, no inicio do século XX, ao optar pelo desenvolvimento dos veículos a gasolina criando falsas acusações contra os veículos movidos à eletricidade ou outros combustíveis menos ou não poluentes. O fato é que, se é para uma empresa, corporação ou um grupo de pessoas ter lucro, então que se danem os valores sociais, humanos, ou qualquer outro. O que importa são os lucros.

Você deve estar se perguntando, agora: se esse programa tem tudo isso de negativo, por que continua com tanto sucesso?

Respondo com prazer e tristeza: Porque é um programa que retrata fielmente as características do ser humano: mesquinho, maldoso, interesseiro, dissimulado... O programa retrata a sociedade como ela é. Retrata a mim e a você: nós somos aquilo que a casa-vitrine apresenta. Duvida, discorda? Então, para você aqueles versos do Raul Seixas: "Você já foi ao espelho, nego? Não? Então vá!"

quinta-feira, 2 de abril de 2009


Ego City

F.U.R.T.O

Composição: Marcelo Yuka

Carros à prova de bala, com vidros à prova de gente
Cor fumê da indiferença
E vão lambendo os cartões de crédito
Comprando de quase tudo; do orgulho à cocaína
de dólares a meninas
Passando em frente à réplica da Estátua da Liberdade
que nos prende ao consumo siliconizado e farpado urgente
que diz: Bem-vindo a Ego City

Lutadores sem filosofia, crianças sem esquinas
Realidade da portaria, mas só se for pela porta dos fundos
De frente pro mar, de costas pro mundo
Perderam o governo, mas ainda seguram os trunfos
Quando cair, delete o meu nome dos seus computadores
Se você insistir, o meu descanso será seu pesadelo

Lembre-se do mistério de PC, dono do Avião Negro
Porque o terno e o uniforme ainda
são os disfarces mais usados pelo crime
Tráfico de influência, tráfico de vaidade, tráfico pra ocupar
melhor lugar na corte
Bem-vindo a Ego City


Bota a mão pra cima parcero Finge que tá chovendo dinheiro E todas as minas te dão mole pura ilusão Que o mundo que cê vive é verdadeiro,porque Eu já falei pros meus parcero Underground é o caralho! Eu quero mais é ter dinheiro! Eu sou real no meu trabalho! O disco eu mesmo que fiz, não tem na loja? Demoro sô vagabundo independente do moral pros camelô! Pra quem falo que meus Rap são só K-ô Vai vendo,meu show geral tá tranquilo Nos seus irmão tão morrendo,cê vive fantasiando HIP-HOP tá crescendo,fala de revolução Mas nem sabe que tá se havendo eu to vendo vários dizendo,cê real mil grau que em cima,se dedicando Muito mais a falar mau que nas rima,cê criminal,cê que é PIMP e com as mina não tem moral,ainda insiste com vagabundo " bota a mão pra cima " só porque gringo faz Só porque viu na cena do clip um mané pulando apareceu carrão lá traz,agora aquilo tá de fazer também? Vai pegas um real pinta de azul e diz que é CEM ! Se se diz contra o sistema? Dobra no que grava? Mas seu Nike doze mola vem com sangue e mão de obra ESCRAVA! AEE Chuva de prata na semente de ilusões O engenho do senhor dinheiro te mantêm nas plantações Eles fazem pras mina rebola Põe melodia ruim na rima pra tu decorar Amigo a vida me ensina,isso não vai me enganar Eu não preciso de platina Deus me deu brilho no olhar!